No fim de 2014 uma polêmica relacionada a viagem veio à tona. Um canadense que terminou o relacionamento e tinha comprado uma viagem com a namorada, procurava uma substituta com o mesmo nome da ex para não perder o investimento. Até aí tudo bem, o blablabla começou porque a candidata selecionada tem namorado e topou deixar o namorado "em casa" para viajar com um desconhecido pelo mundo. A minha história teve algo parecido: saí de mochila para viajar com um "estranho". Eu já morava em Londres e tinha viajado com amigos da escola de inglês, da minha casa e do trabalho por alguns países da Europa. Vivia querendo dar um passinho maior e conhecer outros lugares, outras culturas, até que um dos meus amigos que iria para uma viagem de mochilão pelo Oriente Médio teve um dos vistos iniciais rejeitados e desistiu do roteiro inteiro. O outro, que eu não conhecia e tinha organizado tudo, mantinha a decisão de partir mas procurava alguém para ir junto. Eu bem metida e sem conhecê-lo, pensei: taí minha oportunidade! A viagem estava pronta, pensada, sonhada, organizada, era só comprar a passagem e ir. E no meu caso, com um homem, muita vantagem para uma mulher estar acompanhada em países considerados perigosos para uma mulher viajar sozinha. Me encontrei com o Felipe somente uma vez para pegar algumas informações e saber por onde começar a me organizar, afinal, até a passagem eu já tinha comprado com medo de "perder a vez" e faltavam apenas cinco semanas para tirar vistos, bem, para viajar com um estranho eu precisava pelo menos ver a cara para não me perder no aeroporto. Depois, só nos vimos no balcão de check-in. Os primeiros dias foram estranhos, parecia casamento arranjado, a gente não se falava direito, ué não se conhecia né? Então o gelo foi se quebrando e foram 45 dias de parceria total: ir nos pontos turísticos, não-turísticos, se perder, dormir em trem, parar para comer toda hora, reclamar do calor de 40 graus na cabeça, comprar água em garrafas congeladas e ver se transformar em chá depois de 10 minutos, ver lojas, conversar com estranhos na rua, fazer amigos, tirar fotos e descobrir o que cada um gostava de fazer. Até me fazer perder o medo de nadar, coisa para heróis, ele fez.

Em uma das noites no Egito, dormimos vendo as estrelas e percorrendo o Rio Nilo Em uma das noites no Egito, dormimos vendo as estrelas e percorrendo o Rio Nilo

A gente simplesmente gostava de tudo: acordar muito cedo, andar pra caramba o dia inteiro, parar quando um quisesse, comer quando o outro tinha fome. Tudo muito simples e leve. T?nhamos que compactuar até as mentiras, afinal, para podermos dormir no mesmo quarto no Oriente Médio tínhamos que mentir o estado civil: sim, casados, namorados, noivos. Não fomos nem na teoria e nem na prática. Não me trocou por camelos, foi um menino decente o tempo todo e por todos os dias ouvia dos homens que era um cara de sorte respondendo qualquer uma das alternativas: que era meu amigo, não era namorado nem marido: lucky man, diziam eles. E ainda reclama que ser um "homem de sorte" não é elogio! Depois de viajarmos pelo Oriente Médio fizemos outra grande viagem, mas desta vez pela Ásia - novamente muito simples escolher: um país que eu queria, outro que ele queria, adicionamos mais um de comum acordo (sempre) e compramos as passagens. A verdade é: difícil, muito difícil encontrar uma parceria de viagem 100%. Eu e Felipe gostamos de viajar da mesma forma, ajudamos o outro, entendemos o outro e damos espaço sempre, às vezes ficamos horas sem conversar, cada um na sua. Assim como em qualquer relação, respeitar a individualidade do outro é o mais importante até porque iremos ficar juntos por 24h durante muitos dias e nada melhor do que viajar em paz e com alguém que entenda e aceite totalmente você do jeito que você é. E agora que estamos longe, fazemos planos de viajar de novo e de novo. Ou apenas ligamos para reclamar que nunca mais ouve uma parceria assim. Vamos viajar Felipeeeeeee!!!

Super parceria de viagem e amigos para toda vida Super parceria de viagem, amigos para toda vida e a selfie CARÃO que ele odeia!

Na nossa cultura no Brasil, a partir do momento em que temos um relacionamento, costumamos fazer tudo com namorado/marido, juntos sempre. Em outros países os casais viajam em grupos de amigos, com a melhor amiga, com o melhor amigo e assim vai, sem problemas. E você? Você tem alguém que é um super parceiro de viagem? E viajaria com um amigo do sexto oposto mesmo estando em um relacionamento? Conta aqui no blog, a gente sempre se inspira com as histórias!

Últimos dias de viagem, no Egito Últimos dias de viagem, no Egito, já planejando a próxima aventura