Você mudaria de país com um filho pequeno em busca de um sonho? O Alê mudou, inspire-se!
O blog publica todo mês a história de pessoas incríveis que conheci pelo caminho. A Lucia foi minha amiga em uma das agências que trabalhei no Brasil e apesar da minha passagem ter sido breve, é uma das pessoas especiais que nunca perdi contato. Gente boa que só, claro que só poderia ter resultado em um família incrível. Vibrei quando soube que ela e o Ale estavam planejando mudar para o exterior e como eu já tinha morado fora, vieram me perguntar e dei a maior força. A diferença é que eu era a carta fora do baralho, sozinha, coloquei a mochila nas costas e fui. Eles arrumaram as malas, o Lucas pequeno e a vontade de fazer acontecer e aí está o resultado: se redescobriram em suas profissões, educaram um menino lindo, aumentaram a família em terras lusitanas e fazem o que amam de verdade. Vale ler a história e se inspirar, porque mudar de país com filho pequeno para arriscar um sonho, não é para qualquer um :)
Ale realizado na profissão que escolheu em PortugalPor: Alessandro Pereira Antes de ter filhos a gente não imagina o que pode fazer por eles. Em 2007, após 10 anos ao lado da minha mulher Lúcia e com nosso filho Lucas perto de completar quatro anos, as mudanças que estavam por vir faziam parte de um cenário completamente inesperado pra nossa família. Nossa vida em Florianópolis parecia caminhar tranquilamente até que uma mudança no meu trabalho fez nossa vida financeira começar a oscilar. A insegurança financeira nos encurralou e nos obrigou a fazer certas escolhas. Uma delas foi trocar nosso filho de uma escola privada para uma escola pública. A princípio o que pareceu uma experiência válida para o Lucas foi se tornando um pesadelo para nós. Notícias de um tiroteio próximo à escola e toda a sensação de insegurança que sempre sentíamos com relação ao Brasil nos fez olhar para uma nova direção. Entendemos que mesmo que tivéssemos muito dinheiro, essa sensação não mudaria. Como garantir à ele educação de qualidade e segurança sem que isso dependesse de uma pretensa estabilidade econômica que nosso país ainda parecia estar longe de alcançar? Juntou-se à isso uma certa insatisfação com a profissão e estava plantada a semente: vamos mudar para o exterior. Um dia li uma entrevista do atleta e shaper Almir Salazar na Revista Fluir falando sobre as ondas incríveis de Portugal. Eu tinha apenas 13 anos e isso nunca mais me saiu da cabeça. Portugal seria o destino.
Em quatro meses estava tudo organizado para a mudança. Chegando em Portugal fui procurar trabalho na área de comunicação visual, minha área de atuação no Brasil. Consegui o trabalho mas, recém-chegado, fui colocado no armazém, fazendo contagem de estoque, separação de material, montagem de eventos e todo o tipo de trabalho braçal que se possa imaginar. Passados quase 8 meses da nossa chegada ao paraíso das ondas eu ainda não tinha prancha e sequer havia pegado uma onda por aqui. Na primeira sobra de grana fui comprar a tão esperada prancha. E esse foi o momento da virada. Perguntei na fábrica se eles não estavam precisando de um aprendiz. Uma notícia boa e outra ruim: sim, estavam precisando. Mas em se tratando de uma fábrica em período de expansão, não poderiam me pagar pelo meu trabalho. À essa altura minha esposa já estava trabalhando e estávamos com a documentação de residência em andamento. Conversamos à respeito e eu dividi com ela minha vontade de trabalhar com isso e de fato correr atrás daquela mudança que falamos lá no começo.
Ale na labutaE assim foi ? Uma vez dentro da fábrica de pranchas e já com conhecimento prático como surfista, comecei a entender que Portugal precisava na verdade era de um bom reparador. E eu já sabia os princípios. Partindo daí fui aprimorando minhas técnicas no reparo de pranchas e ao mesmo tempo aprendendo mais sobre a fabricação e de cada processo envolvido desde o bloco até a onda. Passados 6 anos no segmento do surf, realizei meu sonho de criança: viver do surf e para o surf. Apesar das 12horas (ou mais) de trabalho diário no meu estúdio, quando temos boas ondas não preciso mais ficar sonhando no escritório ou esperar pelo fim de semana (embora todos os dias sejam dias de trabalho). Consigo dar uma escapadinha e pegar aquelas altas ondas que ouvi falar quando tinha apenas 13 anos.
Pegar onda durante o trabalho. Pausa para relaxarHoje posso dizer que sou realizado com meu estúdio, o AC DC Estúdio de Reparações e por fazer parte de uma grande equipe que é a ORG Surfboards que através da gestão do Eduardo e da competência como shaper do Rabbit está em constante crescimento. Prova disso é a relação de confiança que mantemos com nossos clientes e atletas patrocinados como João Macedo, único português a disputar o Campeonato Mundial de Ondas Grandes, e também o campeão brasileiro Davi do Carmo, entre outros surfistas de renome português como Ivo Cação, Miguel Mouzinho e André Pedroso. Hoje nosso time é composto por grandes profissionais que assim como eu amam o surf e batalham para viver do surf todos os dias: ORG Surfboards: Rabbit ? Shaper e designer; Eduardo ? Gestão Executiva e Operacional; Xino ? glass; Dani ? plugs e gloss; Alessandro ? sand e repair. Quem quiser saber um pouco mais sobre nosso trabalho (afinal de contas nem tudo é só praia, apesar de tudo isso ser surf) pode acessar nossa página no Facebook. Sol e onda! Esse é o dilema da nossa equipe!
A familia cresceu em terras lusitanas com a chegada da BiaPassado todo esse tempo eu pude perceber que nada aconteceu por acaso mas que não foi fácil. A batalha é diária e ninguém posta nas redes socias o suor escorrendo da testa. Mas todo esforço está sendo recompensado. Nosso filho Lucas é uma criança feliz, ótimo aluno e herdou de mim o gosto pelo surf. E ainda ganhou uma irmãzinha, nascida em terras lusitanas. Portugal foi difícil de conquistar, pois ao longo do caminho precisei provar o meu valor e da minha família, mas hoje posso dizer que foi a melhor escolha. Portugal é o nosso lar.
Para saber mais sobre o trabalho do Ale e equipe, siga-os também no Instagram: @acdc_reparacoes e @orgsurfcommunity