Sem falar inglês, sem chave e sem ninguém em casa

Assim foi minha chegada em Londres. Só me dei conta que estava do outro lado do mundo quando cheguei no aeroporto. Faz dez anos e vou contar vários momentos que passei nessa minha (ainda curta) caminhada. Era um sábado muito cedo, chovia e estava friozinho. Eu cansada das noites mal dormidas nem me dei conta dos detalhes, quero dizer, da chave. Paguei para ficar na acomodação da escola por duas semanas e como qualquer casa achei que fosse ter uma recepção ou alguém me esperando. Nada. Depois de descobrir que a agencia me deu duas folhas comprovando a reserva, mas com endereços diferentes, cheguei. Na primeira não era, na segunda, bom sentei na sacada e chorei vendo os esquilos pra lá e pra cá . Precisava mesmo era de um banho e cama. Fiquei cerca de duas horas esperando uma viva alma depois de comprovar no Brasil que eu estava na casa certa. Uma russa - com cara de brava - chegou. Não entendi nada que ela falou, nem ela me entendeu mas eu disse que morava ali e entrei. Não sabia qual seria minha cama, escolhi um quarto com uma cama vazia e ali fiquei. Depois de batermos um papo "sem pé nem cabeça" ela me deu um prato de comida - feijão doce com pão, tomei um banho e fui dormir. Era 5 da tarde e estava escurecendo, olhei pela janela e continuei vendo os esquilos saltando para todos os lados. Do segundo andar olhei pra fora e pensei: "fiz a escolha certa". Dormi 17 horas seguidas e dali pra frente foi só alegria.