Dez dias inesquecíveis em Delhi
Eu num fim de tarde na Qutab Minar, num fim de tarde lindo. A torre é considerada um dos monumentos mais bonitos da cidade.
Eu já tinha viajado por quase um mês na Índia e fui embora com a certeza que voltaria para aquele lugar. Apesar de ser um país que você "ama ou odeia" eu amei e quando decidi ir embora da Austrália para vir morar em Londres no começo deste ano, escolhi fazer a escala e parar novamente ali, já que teria que fazer escala de qualquer jeito. O ditado indiano ?Atithi Devo Bhava? quer dizer "convidado de Deus" e eu não sei porque me sinto muito bem lá, a própria convidada, hehe. Achei que ia tirar de letra essa segunda chegada, mas confesso, a índia choca e depois desse choque (que eu achei que dessa vez fosse passar despercebido) foram 10 dias de muita poeira, novos amigos, comida vegetariana e o melhor, a descoberta de lugares incríveis em Delhi que eu não conheci quando passei por lá em 2006. Se locomover em Delhi é muito fácil. Ao chegar ao aeroporto Indira Gandhi comprei um ticket por 500 rúpias na maquininha do aeroporto que ia até Delhi Central. Lá paguei um velhinho que me levou de bicicleta até o outro lado da rua, onde eu fiquei hospedada em Pahar Ganj, um grande mercado de rua com muitas lojas, restaurantes, hotéis e aquele caos todo típico de cidade grande. A área fica entre as estações Central e Rama Krishna, portanto muito fácil de se locomover para qualquer lugar. Como eu não gostei do primeiro hostel que fiquei hospedada acabei trocando nestes 10 dias de acordo com a conveniência e os quesitos: segurança, ar condicionado no quarto, mais próximo possível da estação de metrô, mais seguro pra chegar à noite e mais próximo possível da Organic Bread Bakery, um restaurante maravilhoso que acabei tendo cadeira cativa. Fiquei no Yes Please e Arjun Hotel.
O que fazer?
Logo no primeiro dia conheci a Lu, uma brasileira que também estava viajando sozinha e juntas conhecemos Rishik, um indiano super gente fina que adora conhecer estrangeiros. Como um legítimo turista no seu próprio país, nos levou pra conhecer o melhor que Delhi tem a oferecer, em troca de conhecer viajantes e "sair um pouco do mundinho" em que ele vive. Já existem sites e pessoas que "alugam amigos locais" mas tivemos tanta sorte que nem nos demos ao trabalho de procurar. E para um viajante, nada melhor que conhecer uma cidade através de quem mora lá :) Abaixo um pouquinho do que fizemos nestes 10 dias.
Paharganj (Main Bazar)
Ali que eu fiquei hospedada. É só sair da porta do hotel e bem-vindo ao caos. Ruas cheias, lojinhas, barracas de comida, tatuagem de henna, artesanato, especiarias, vários hotéis e backpackers e tudo mais que você possa imaginar, ali tem. Fácil de chegar e de ir para qualquer parte da cidade, você pode parar nas estações de metro Ramakrishna Ashram Marg ou New Delhi Station e caminhar até o centrinho do Main Bazar. Tirando isso, é ali que fica a Organic Bread Bakery, uma padaria/restaurante que eu escolhi pra fazer quase todas as refeições. Apesar de ser no meio da muvuca do Pahar Ganj, dá a impressão que é em outro lugar, calmo e tranquilo. Eles servem um café da manha com pães integrais, queijos, frutas e cereais. O cardápio do almoço e jantar varia e tem sempre promoção em alguns pratos, todo dia, vegetarianos, indianos e até hambúrguer ou pizza, tudo super caprichado. O chá de gengibre, limão e mel e o creme de frango são imperdíveis e na cobertura tem um cinema, onde alguns viajantes e locais se reúnem para assistir a sessão da noite (e não tem nada de Bollywood, é filme americano, ou até francês se você der sorte). O legal da Organic Bakery é que muitos dos produtos oferecidos ou utilizados no restaurante são plantados, feitos ou embalados por uma ONG para mulheres que sofreram abuso ou violência. Elas moram hoje nesta fazenda e produzem tudo lá.
Temple Hindu Laxmi Narayan Mandir
Este templo hindu também é conhecido como Birla Mandir e considerado agora como uma das principais atrações turísticas em Delhi. E famoso por ter sido aberto oficialmente por Mahatma Gandhi e aberto para pessoas de diferentes castas na índia. Os sapatos e câmeras fotográficas/telefones devem ser guardados numa salinha na entrada do templo, dentro de um cofre. Se você pegar um rickshaw na área de Connaught Place, a corrida sai cerca de 60 INR (Indian Rupees). Não precisa pagar entrada.
Hauz Khas Complex
Fiquei doida ao conhecer o Hauz Khas. O bairro é moderno, colorido, cheio de cafés legais, grafite nas paredes, uma loja chiquérrima que vende saris "de marca" para as indianas ricas. Ali ficam agências de propaganda, escritórios de arquitetura, ou seja, o povo "moderno! Mas não é só isso não. O local abriga ruínas de um forte, uma mesquita, varias tumbas, um parque e um tanque d'agua que foi construído em 1300 para guardar água para o período mais seco do ano. Hoje em dia estudantes de escolas e universidades próximas passam o dia nos gramados ou nas ruínas fazendo piquenique, estudando ou ensaiando e tocando músicas para a próxima apresentação. Para chegar lá, pegue o metrô ate a estação de Green Park e pague um rickshaw ate lá, que custa cerca de 30 INR. A vila fica aberta enquanto o dia esta claro e você pode dar uma olhada no site http://hauzkhasvillage.in/
Lodi Garden
O Lodi Garden é um parque com diversas tumbas espalhadas pelo caminho, com muito verde, árvores e onde você pode passar horas tomando um pouco de ar fresco, longe da poluição da cidade. Há famílias andando por todo lado, crianças brincando, vendedores ambulantes e se você tiver um pouco de sorte, até alguns artistas mostrando seus dotes. Apesar de parecer super barulhento e movimentado pelas características acima, esqueça. É um lugar tranquilo e calmo e onde você pode ate dar uma cochilada depois do almoço no maior estilo sombra e água fresca. As pessoas não dão muita importância ao valor histórico das construções que ficam espalhadas por todo o parque, apenas os turistas é que entram e se importam em conhecer. A estação mais próxima é Khan Market e ainda tem uma meia horinha de caminhada ate lá. Ou uma aventura de rickshaw.
Tomb of Safdarjung
Conhecida em Delhi como a obra mais parecida com o Taj Mahal, Safdarjung foi construída em 1754 por Muhammad Shah, o imperador mais poderoso da era Mughal (imperadores concentrados ao Norte da índia, Norte do Paquistão e Bangladesh). Há poucos turistas e muitos locais. Tanto o jardim como a tumba são super bem preservados e vale uma ida até la. É bem fácil de chegar. A tumba fica logo na saída da estação de Safdarjung e o custo para entrar é de 100 INR.
Connaught Place ? Rajiv Chowk (& Palika Bazar)
Cansou da poeira, dos restaurantes pequenos, desconhecidos e sujos, de ver vaca e rickshaw caminhando ao seu lado nas ruas? O Connaught Place, ou CP, fica situado no centro da cidade, tem ótimas opções de bares e restaurantes, baladas, redes de fast food e o Palika Bazar, um mercado de rua com opções para todos os gostos e bolsos. Vá até a estação de Rajiv Chowk e as inúmeras saídas desembocam direto ali. Como a construção é redonda, cuidado para não dar várias voltas e parar no mesmo lugar :)
The Lotus Temple (Bahá?í House of Worship)
Tem um templo da filosofia Baha'i na esquina da minha casa no Brasil e eu sempre ficava me perguntando o que seria. No Brasil é uma casa normal mas não tive como achar por alguns segundos que o templo de Delhi parecia uma filial da Sydney Opera House, a famosa construção símbolo da Austrália. Olhando de longe lembra bastante mas ao ir se aproximando, ele tem o formato de uma Flor de Lótus gigante. São 27 pétalas construídas em mármore cercada por um lago externo que contorna o templo (e estava seco com aquele calor insuportável). Os jardins para chegar ate lá sao lindos e bem cuidados e quase na entrada principal, pare, deixe os sapatos (e queime a sola do pé, vale dizer). Vale a pena visitar, ouvir a explicação dos voluntários que trabalham ali, entender um pouco mais a história da filosofia Bahá?í e aproveitar o silêncio e a calma do ambiente, pura paz. O templo é aberto para pessoas de todas as religiões, a entrada é grátis e tem o material sobre o templo em português, yeyy! A estação mais próxima é Kalkaji Mandir station e de lá você caminha cerca de 10 minutos. Já dá pra avistar o templo lá da estação. Mais informações sobre tudo aqui: http://www.bahaihouseofworship.in/ ou lá no Estreito, onde moro, não tem? (só os manezinhos entenderão, hihi)
ISKCON Hare Krishna Temple
Saindo do Lotus Temple você pode ir caminhando para o Iskcon Hare Krishna, um dos maiores templos Hare Krishna do mundo. O movimento religioso foi criado nos EUA mas acabou se tornando forte mesmo na Índia. É permitido entrar, participar dos chantis ou cantos ?Har-e-Krishna?. O templo funciona todos os dias e a entrada é gratuita. Se você tiver sorte, ainda consegue provar a comida típica ou bolinhos que são servidos depois de algumas sessões. A estação mais próxima é Nehru Place. Mais informações aqui: http://www.iskcondelhi.com/
Akshardham Temple
Ele é lindo, tão lindo, que fiquei até emocionada. Um dos mais ricos, mais longe do centro e com uma segurança tremenda para poder entrar. Um dos mais modernos complexos de templos Hindu e também um dos mais recentes, foi construído em 2005 e na minha opinião é um que você não pode perder numa visita a Delhi. Assim que você entrar no Akshardham, passe o portão principal e se perca nos detalhes, na arquitetura perfeita, na decoração com ouro e nos muros com elefantes lapidados em pedra. Ele é muito grande e você irá passar horas por ali.Infelizmente nao é possível tirar fotos, mas de todos que visitei, ele é um que realmente não consegui esquecer. Vá de metrô até Akshardham station (em direção a estação de NOIDA Station) aí são 15 minutos caminhando. Ou uma voltinha de rickshaw, como você já sabe. Mais info http://www.akshardham.com/. Photo: blueeyesfree4u.com
Tem até videozinho com mais fotos. Assistam, deem sugestões, comentem :) Se você fosse para Delhi, o que gostaria de ver?
Mais info sobre palácios e templos em Delhi aqui
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